domingo, agosto 19, 2007

O Reino de Judá

O Reino davídico de Judá

Durante os mais de 300 anos de existência o Reino de Judá, sob a regência desde sempre da linhagem real dos descendentes de Davi que fundou o reino lá por volta do século X a.C , o passado conturbado tribal havia sido deixado para trás, o país se mostrava praticamente incólume a invasão estrangeira bem como também desfrutava de certo grau de estabilidade institucional e modesta prosperidade material enquanto ao mesmo tempo seus vizinhos enfrentavam sucessivos golpes de estado, rebeliões e tudo mais de pior.

Ao lado disto foi aos poucos consolidando e difundindo a crença entre a população local de que havia um deus uno pairando sobre suas cabeças que tal como um juiz zelosamente atribuía nesta vida recompensas e punições a todos de acordo com seus méritos e respectivas falhas.

Mais que isto contemplando seus vizinhos de fronteira e o caos em que vivia em contraste a paz que o reino davídico de Judá ofertava figurou fácil concluir no apego de uma visão mais supersticiosa que muito disto seria por responsabilidade deles não só cultuarem um sem-número de divindades tal como os estrangeiros faziam como também pelo estarem depositando sua fé em uma certa divindade a que chamavam de ´´YHWH.´´

YHWH

No caso´´YHWH´´ remontava na origem ao tempo dos mais antigos ancestrais do Reino de Judá quando ainda eram tribos nômades e vagueavam pela Mesopotâmia ( atual Iraque ), valendo observar que nasce o culto como uma referência religiosa de uma divindade tribal e só apenas sendo ´´elevada´´ ao status de ´´ deus uno ´´ ou em outras palavras ´´ YHWH´´ surge tão-somente como uma espécie de deus patrono de uma tribo e mantenedor sobrenatural de sua linhagem de descendentes .

Esta convicção do Reino de Judá ser sobrenaturalmente protegido pela Providencia ganhou um reforço principalmente quando em 722 a.C por ocasião da invasão assíria, então comandados pelo Rei Senaqueribe, o país quase sucumbiu sob o domínio de mãos estrangeiras depois de um longo periodo de cerco.

A vitória de toda maneira do Reino de Judá como de praxe foi conferida a ´YHWH´´ muito embora ela não tenha sido um triunfo dos mais retumbantes já que ao final acataram serem uma espécie de vassalos dos assírios , situação que ficaram por um bom tempo até conseguirem sua independência por volta do ano 640 a.C .

De novo a credulidade ganhava terreno no lugar do uso da reta razão na análise dos fatos, porém, não demorou para esta tosca fantasia se desmanchar no ar com fumaça como a sucessão fria e lógica dos eventos não tardou por demonstrar quando em 587 a.C o país foi praticamente destruído pelos caldeus sob Nabucodonosor II.

Agora o relevante não foi a destruição levada a cabo pelos babilônios, mas sim a conseqüência mais direta da invasão do Reino de Judá foi que boa parte da população acabou sendo levada ao exílio para a Babilônia ( calcula-se algo ao redor de 40 mil pessoas ) e mais outra leva sendo conduzida ao mesmo fim uns 11 anos depois por conta de debelar uma rebelião.

Aliás, cumpre cumpre observar que o período assírio de ocupação apesar de menos violento em comparação ao realizado pelos babilônicos também gerou a deportação de insatisfeitos do Reino de Judá para o Império Assírio ao lado da construção de colônias de assírias em território do Reino de Judá , muito embora não se saiba até hoje com exatidão qual foi o impacto demográfico deste processo e em geral a idéia defendida que ela foi bem menos intensa que no caso babilônico.

A persistencia de uma crença

Poderia se pensar que a crença nos poderes de ´YHWH´ sofreria um forte abalo depois desta verdadeira catástrofe, só que pelo contrário a queda do Reino de Judá foi atribuída ao Rei Manassés como um ´castigo divino´ por ele como monarca regente do país, o décimo - quarto na dinastia davídica , ter falhado em seus deveres para com ´YHWH´ . -No caso quem supostamente teria ´´herdado´´ esta maldição, quase um século a morte de Manassés, foi o coitado do Rei Sedecias que figurou como o último monarca da dinastia davídica.

Aos poucos entre os exilados na Babilônia surgiu ao lado do anseio pelo retorno a terra-natal também o restabelecimento do Reino de Judá sob o comando de um monarca da velha dinastia davídica para que fosse resgatado todo esplendor da Era de Ouro perdida daquele reino.

O Ungido

Ocorre que um exilado expressar tais desejos em público representava o mesmo que conspirar contra o bem estar dos babilônios e fomentar toda sorte de atividade tida como subversiva contra aquele governo agora sob o controle das terras do antigo Reino de Judá.

Disto surgiu entre os exilados o costume de apenas fazer veladas alusões à volta do rei e seu reino, assim eles falavam do retorno do ´´ Mashiach´´ que quer dizer literalmente ´´ o consagrado´´ e do estabelecimento do ´´Reino de Deus´´ numa sorrateira analogia tanto ao fato que o rei era ungido / consagrado como parte do ritual de sua coroação quanto que o Reino de Judá era ´´providencialmente´´ protegido por ´´ Deus´´ / ´YHWH´ .

Um retorno não como o esperado

Apenas em 537 a.C finalmente os exilados conseguiram lograr autorização então pelo Imperador Círio II dos persas , sucessor dos babilônicos como liderança da potência imperialista da região, para retornarem as terras de seus ancestrais .

A este tempo fato é que muitos já estavam totalmente considerando o que seria seu´´cativeiro´´ na Babilônia como sendo seu novo lar e por conta disto estavam pouco dispostos a aventurar-se em buscar realizar o que seria um sonho utópico dos seus antepassados de reconstruir o Reino de Judá no lugar de conduzir sua vida .

Por outro lado aos que ficaram nas terras originárias do Reino de Judá encaravam os descendentes dos exilados como tão ´´estrangeiros´´ quanto qualquer outro vindo de ´´ fora´´ ao ponto de afirmar que os nascidos durante o ´´cativeiro ´´da Babilônia não respeitasse mais os costumes e tradições ancestrais com o mesmo tipo de acusação sendo feita pelos exilados em relação aos que permaneceram .