domingo, setembro 30, 2007

A mulher no budismo

Ananda um grande discípulo de Sidarta Gautama ( o Buda ) certa vez interrogou-o como deveria comportar-se em relação às mulheres. O dialogo entre Sidarta e Ananda, constante no Mahaparinibbana Sutta, teria sido o seguinte :

Venerável senhor, como devemos nos comportar em relação às mulheres?” “Não olhem para elas, Ananda.” “Mas se olharmos, como devemos nos comportar, venerável senhor?” “Não falem com elas, Ananda.” “Mas se elas falarem conosco, como devemos nos comportar?” “Pratiquem a atenção plena, Ananda.” ( Mahaparinibbana Sutta, quinta recitação em 5.9. )

No caso Sidarta em sintese dizia que se uma mulher desejasse realmente o caminho da redenção isto só seria possível se viesse a renascer homem já que tanto a experiência da maternidade seria limitadora para haver um verdadeiro desprendimento espiritual necessário para atingir o Nirvana quanto também a mulher que abdicasse de seu papel de mãe renegaria aquilo que é seu karma e por via de efeito trilharia um caminho que a levaria para longe da Iluminação .

Todavia, não pense que qualquer homem está pronto para atingir a Iluminação já que o entendimento de Sidarta era que seus ensinamentos estavam foram do alcance da compreensão da grande maioria : ´´ A minha doutrina é profunda , difícil , árdua , para ser compreendida : sublime e digna de somente ser conhecida pelo sábio ´´

Deste modo muito embora Sidarta fosse totalmente acessível a toda e qualquer pessoa aos quais dirigia seus ensinamentos de maneira indistinta o fato é que ele considerava(com grande razão) quem nem todos estavam preparados para assimilar o que tinha a dizer.

Em verdade não só no budismo mas sim em qualquer religião a doutrina é vivenciada em sua plenitude por bem poucos e menos ainda entre os fiéis são os que entendem na integralidade digamos ´teológica´ o teor real dos ensinamentos em cada credo religioso.

Nesta perspectiva, digo sem receio que ao meu ver a maioria esmagadora cultiva em relação a sua própria religião uma visão tanto equivocada quanto oportunista na interpretação, isto é, pegam no corpo da doutrina e ritos de sua religião aquilo que lhes é mais ´conveniente´ para seguir e deixam de lado tudo mais que figure como ´obstáculo ´. É uma realidade mais que óbvia só que Sidarta foi um dos poucos fundadores de uma religião que teve a intuição em perceber isto.

De toda maneira em relação as mulheres dá para sentir que Sidarta teve sim uma certa atitude discriminatória, muito embora aleguem que ele apenas reconhecia ( ou refletia ? ) os preconceitos da sociedade em que vivia onde as mulheres não só não podiam participar de qualquer comunidade espiritual como tinham que ficarem submetidas a uma autoridade masculina ( estamos falando no caso da Índia do século VI / V a.C )

Fato é que este tema foi objeto de muitos debates entre Ananda e Buda, onde situou como essencial a figura Mahaprajapati Guatama ( tia e mãe de criação de Buda ) que terminou sendo históricamente a primeira monja budista. ( outros alegam o inverso que Mahaprajapati convenceu Ananda para interceder em favor da entrada de mulheres em monastérios )

Sidarta ao final concordou só que os monastérios budistas de base feminina eram orientados por 08 regras especiais de conduta que perfaziam num total de 311 regras gerais ( os monges, por exemplo, seguiam 227 regras ) onde fazia-se presente entre tantas coisas a necessidade maior que as monjas estivessem subordinadas à uma comunidade de clero masculino ao qual ficariam submetidas e dependentes. ( o que vigora até hoje )