sábado, dezembro 09, 2006

No caminho do Êxodo.

Observem que o texto primitivo constante no corpo do documento do que hoje é a Bíblia havia apenas uma indicação geral por onde os israelitas tomaram o caminho depois de saídos do cativeiro no Egito , falando que foram para o leste ou o sudeste, dizendo que eles partiram de Ramsés para Sucot, daí seguiram a Etam de onde foram até Pi-Hahirot que fica entre Migdol e o ´´mar´´ ( Ex 14, 2 ) para montarem acampamento, partindo dali para atravessar o ´´mar´´ e acampando em Mara no Deserto de Etam pela segunda vez donde se dirigiram para o deserto .

Vejam que a maioria dos capítulos e versículos que tratam do assunto falam só de ´´mar´´ sem ter cuidado de designa-lo, daí só em Ex 15,4 que é dito ´´ Arremessou ao mar os carros de Faraó e o seu exército, afundou os melhores dos seus combatentes no mar dos Juncos´´ ( Bíblia - Edições Loyola /1989 ) que em outras versões é chamado pelo nome egípcio de ´´mar de Suf´´ e não do seu derivado hebraico yam sûf. ( observando que este ´´mar´´ é hoje atravessado pelo canal de Suez ).

Arrematando ainda o texto bíblico que ´´ As águas voltaram e cobriram os carros e cavaleiros de todo o exército de Faraó, que os haviam seguido no mar; e não escapou um só deles.´´ (Ex 14,28), voltando assim a falar de mar . Alguns entendem que por isso esta observação a respeito do mar dos Juncos é fruto de ´´acréscimo´´ ao texto feito por tradutores em gerações posteriores.

Posteriormente os geógrafos consideraram o mar dos Juncos como parte integrante do mar Vermelho apesar de na antiguidade serem tidas realidades distintas bem eqüidistantes no espaço ( como de fato são ), seguindo alguns tradutores a mesma orientação e passando a traduzir o local da travessia como sendo não o mar dos Juncos e sim mar Vermelho. Havendo especialistas que julgam o inverso, isto é, as mudanças havidas na designação geográfica do mar dos Juncos como parte inseparável do Mar Vermelho foram inspiradas por falhas traduções.

Sendo o mar de Juncos vemos que os israelitas teriam atravessado uma região bem pantanosa e de lagunas , sendo seguidos em seu encalço bem de perto pelas tropas egípcias que eram comandadas pelo próprio Faraó, significa dizer que não haveria grande problemas deles passarem ´´por cima´´ mesmo que às custas de ficarem bem sujos de lama, mordidos por mosquitos, vitimado por ação de sanguessugas e com alguns mortos por crocodilos.

Agora para os egípcios a estória seria outra , isto é, bem pesados por conta de carregarem espadas e lanças, vestirem armaduras, portarem escudos e etc é bem provável que em muitos casos o chão do leito do mar dos Juncos cedesse parcialmente ou totalmente se consideramos o peso somado das bigas, cavalos, camelos e outros animais de carga que acompanhava as tropas. ( como o chão já ´´afofado´´ pela passagem dos israelitas )

A despeito do lugar de onde ocorreu o evento, o fato é que também a própria Bíblia entra em contradição mais adiante em Números no Capitulo 33 em seus versículos 01 até 49 ao descrever todo evento sem mencionar ´´travessia´´ alguma seja do mar dos Juncos ou mar Vermelho !!

Observando que nenhuma outra fonte de origem não-judaica , não-cristã ou não-muçulmana dá conta deste evento ou mesmo dá notícia que o faraó Ramsés II tivesse morrido ´´afogado´´ conforme alega a Bíblia. Entre as possibilidades que são indicadas por historiadores dá conta de que o êxodo se deu de maneira bem lenta e maneira menos ´´apoteótica´´, seja mesmo uma parcela dos hebreus foi libertada do cativeiro por ordens do Faraó por razões que se desconhece ou bem tudo se trata de uma obra de ficção.