sábado, janeiro 27, 2007

R:.E:.A:.A:.

O ritual

Na maioria das Potências Maçônicas existentes no Brasil é usado o chamado Rito Escocês Antigo e Aceito ( R:.E:.A:.A:.) A origem do ritual não foi ainda descoberta, mas desconfia-se que possua mais de 2500 anos. Para além do fato de sabermos da existência de uma Palavra Maçônica, não temos qualquer indicação no sentido de existir um ritual nas Lojas operativas escocesas.

A prova mais antiga provém de duas fontes distintas: um conjunto de mais de cem versões de um documento agora conhecido como Old Charges e o livro História Natural de Staffordshire do Dr. Robert Plot. Apesar das versões de Old Charges diferirem no detalhe, obedecem, porém, a um padrão; é, seguramente, uma história lendária do Ofício Maçônico, seguida de um conjunto de regras ou normas (as Charges) pelas quais eles se deveriam reger quer no Ofício, quer na sua vida pessoal.

Era assumido, sobre a Bíblia, o dever de preservar os mistérios do Ofício; a palavra e os sinais eram transmitidos; as regras eram lidas, indicando ao novo Maçom quais os seus deveres perante Deus, o seu Mestre e os seus Companheiros e era lida a história lendária. O Dr. Plot acrescenta a isto dois detalhes que são a utilização de aventais e a entrega ao novo Maçom de dois pares de luvas brancas: um para si próprio e outro para a sua esposa.

A ano de partida

É só em 1690 que obtemos uma prova concreta do conteúdo ritualístico através do manuscrito da Casa de Registro de Edimburgo: um conjunto de perguntas e respostas descrevendo uma cerimônia simples e os sinais. De 1690 a 1729 sobreviveram até nós uma série de manuscritos impressos com perguntas e respostas, uns mais, outros menos completos. Estes demonstram um sistema simples de dois Graus (Aprendiz e Companheiro), a tomada de um juramento sobre a Bíblia, a transmissão de palavras e sinais e também um simbolismo muito simples, baseado nas ferramentas de Pedreiro.

A referência mais antiga a um terceiro Grau, até agora, vem de 1725, embora só em 1730 tenhamos conhecimento do seu conteúdo; é nesse ano publicada por Samuel Prichard a obra A Maçonaria Dissecada. Nesta, é mostrado um sistema de três Graus (Aprendiz, Companheiro e Mestre), cada um com o seu sinal e palavra, mas existindo uma obrigação apenas no primeiro Grau.

De 1770 em diante, assiste-se a um alargamento do número de perguntas e respostas, nas quais é explicada a cerimônia e o propósito de cada Grau; isto incluía ferramentas simbólicas adicionais que ilustravam a virtuosidade esperada dos Maçons (ou Pedreiros Livres) e explicações simbólicas do mobiliário da Loja, assim como dos ornamentos usados pelos membros.

Com a fusão das duas grandes Lojas britânicas, em 1813, resultou a Grande Loja Inglesa; esta criou a Loja da Reconciliação, com o objetivo de elaborar um ritual uniforme a ser utilizado por todas as Lojas. Este processo levou dois anos de deliberações até que em 1816 a Grande Loja reconheceu as recomendações da Loja da Reconciliação, ordenando a sua adoção por todas as Lojas. Face à recusa da Grande Loja em consentir a impressão do novo ritual, este foi sendo passado oralmente, motivo pelo qual o objetivo de uniformização nunca foi verdadeiramente atingido, como é de conhecimento geral.

Rito Escocês é um dos dois ramos da Maçonaria nos quais um Maçom pode progredir após chegar Mestre (o outro será o Rito de York), desde o 4º até ao 33º Grau. Os ensinamentos morais e filosofia do Rito Escocês são baseados nos princípios encontrados na Maçonaria simbólica.

A origem do termo

A utilização da palavra «Escocês» levou (e leva) muitos maçons pelo mundo afora a pensar que este rito teve origem na Escócia, o que não é verdade. Os historiadores procuram ainda a resposta para este fato. Na verdade, é na França que encontramos as primeiras referências a este termo, através da palavra «Ecossais».

Quando, no final do séc. XVII, as ilhas britânicas foram atingidas por um surto de tifo, muitos escoceses fugiram para a França, onde cultivaram os seus interesses maçônicos; pensa-se estar aí a origem do termo Escocês. Os primeiros registros deste termo remontam a meados do séc. XVIII, indiciando o início do Rito em Bordéus; daí terá sido levado para colônias francesas na Índias Ocidentais e posteriormente para os Estados Unidos.

domingo, janeiro 21, 2007

Os Templários

No distante ano de 1119 em Jerusalém era criada por Hugo de Paynes uma ordem religiosa para proteger peregrinos cristãos em passagem na Terra Santa e proteger o Santo Sepulcro . Assim sem maior estardalhaço nascia a Ordem dos Cavaleiros Templários. ( ou ´´Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e Templo de Salomão´´ )

Com o tempo a importância dos Templários cresceu significativamente ao ponto de transformar a sua organização no braço armado da Igreja Católica e Reinos latinos bem como assumiram o posto de protetores da maioria dos lugares santos para o cristianismo no Oriente Médio.

Aliás, o cotidiano dos Templários envolvia a administração dos locais para onde iam os peregrinos, a defesa das rotas e linhas de abastecimento em víveres e armas, a guarda de valores em confiança para terceiros, a contabilização do vasto patrimônio que possuiam e outras tantas questões ´´mundanas´´ que os afastava do trato de assuntos mais ´´espirituais´´ que estariam envolvidas outras tantas ordens religiosas que existiam na época.

Agora como é óbvio deduzir havia uma necessidade enorme de sigilo nas atividades que desenvolviam os Templários, o que levantava uma enorme áurea de curiosidade enquanto ao mesmo tempo suscitava a ganância de muitos. Não tardou para surgirem boatos, fofocas e toda sorte de especulação sobre o ´´grande mistério´´ dos Templários que mais tarde tomaram a forma de acusações graves de heresia.

Até hoje não são claras as razões da queda da Ordem dos Templários, porém, fica certo que houve muita exploração política a respeito destas ´´´lendas´´ tanto criadas pela ignorância supersticiosa de muitos quanto nas críticas fundadas seja pela inveja do poder de influência como por conta dos tesouros templários.

A teoria mais consolidada entre historiadores aponta para as necessidades financeiras do Rei Felipe IV que já tinha herdado um reino atolado em dívidas e sob o risco de ser invadido por potências estrangeiras.

Assim do mesmo modo como o Rei da França partiu para espoliação pura e simples dos judeus franceses, duramente perseguidos e privados de seus bens em favor da Coroa Francesa, era passo lógico que fosse atrás do grande patrimonio do qual eram donos a Ordem Templária.

Outros apostam numa suposta rivalidade com outras Ordens Religiosas como a dos Dominicanos, falam ainda da rejeição dos Templários em aceitarem a proposta do Papa Clemente V de unificarem todas a ordens e etc.

Contudo , o existem até hoje grandes mistérios como para onde foi parar o fabuloso tesouro templário? Ninguém tem a menor idéia....

Igualmente falam muito das vitimas entre os Templários, mas em que se tornaram os sobreviventes, particularmente na Escócia, Inglaterra, Irlanda e Portugal onde poucos foram conduzidos à morte na fogueira ou mesmo presos ? Ou na Espanha, Alemanha e Chipre, onde todos foram declarados inocentes? Para onde toda esta multidão foi parar?

sábado, janeiro 13, 2007

Sistema Econômico Islâmico

´´ O melhor de vós não é quem renuncia a esse mundo pelo Além, nem quem negligencia o Além por este mundo; o melhor de vós é quem toma desse mundo como do Além.´´
Com esta hadite ( conjunto de tradições islâmicas de base histórica tendo como paradigma a vida do Profeta Mohamed ) figura ser essencial para todo muçulmano e por extensão imperioso para toda a comunidade de crentes que não pode haver separação entre assuntos temporais ( DUNIYA ) e espirituais ( DIN ).
Por conta disto na condução das atividades econômicas de uma comunidade muçulmana sempre será presente o cumprimento de orientações corânicas que entre tantas coisas exigem a construção de uma sociedade justa, igualitária e fraterna.
Nesta perspectiva, o Alcorão ensina que o mundo e tudo que nele existe é obra de criação de Deus para o beneficio de toda Humanidade que por desejo do Criador deve ser provida com prosperidade e abundancia, significa dizer de outro modo que o fim último do sistema econômico está em garantir justamente que as dádivas de Deus concedidas ao Homem seja usufruídas de maneira plena.
Assim , temos de um lado o imperativo moral sempre presente guiando as ações dos agentes econômicos e do outro a motivação de ser aceitável como objetivo alcançar a prosperidade material, o que diverge em muito do posicionamento defendido tanto por defensores do Capitalismo quanto ideólogos do Socialismo.
Desta forma um muçulmano não é um asceta que renuncia a busca riqueza pessoal em favor de assumir votos de pobreza e nem deixa ficar cego pelo vil metal ao ponto de abrir mão de princípios morais relevantes,pois julga acima de tudo que Deus o criou para ser feliz em meio de um mundo que existe para prove-lo com abundancia e generosidade .
Deste modo, o Islã coloca-se contrário a atitudes perdulárias com os próprios bens onde não é evitado o desperdício e o consumismo insensato em nome de ostentar uma boa condição econômica.

Agora observem que se com aquilo que possui o fiel há tamanha preocupação para que o uso não descambe em abuso quanto mais com os
bens da natureza que sendo de propriedade de Deus a exigência eleva-se em grau de intensidade ao ponto de ali poder ser vislumbrado um esboço da idéia de ser buscado um ´´crescimento auto-sustentado´´ que assegure a preservação do meio ambiente.
Se nota também um visão de bem estar social já que o Islã coloca como insuscetíveis de serem comercializadas certos bens ou serviços pelo significado maléfico que a privação ao acesso significaria para comunidade, resultando que ou é estabelecido uma gratuidade no uso ou fica tudo em mãos do Governo para poder oferta-los com Justiça. Seguindo a mesma linha de raciocínio em certos casos há limitação de formação de monopólios, seja nas mãos do Estado ou de particulares, se tal coisa acarretar uma situação socialmente injusta.
Em resumo a fórmula básica da logística em vigor no sistema econômico islamizado pode ser resumida através do ensinamento deixado pelo Profeta Mohamed ( SAWS ) que o anunciava como Verdade Revelada provida da voz do próprio Deus : ´´ Temei a Deus e sede moderados em vossa busca da riqueza; tomai apenas o que é permitido e deixai de lado o que é proibido´´

domingo, janeiro 07, 2007

Religião e Estado

O laicismo não foi concebido originalmente como uma forma de construir um ´´Estado Ateu´´ ou de toda maneira armar a Máquina do Estado de mecanismos anti-religiosos, pelo contrário vem a laicização como um processo de livrar a religião do controle coercitivo do Governo e possibilitar assim a criação em tese de uma sociedade onde assuntos religiosos transitem mais para órbita privada bem como também vigore um certo clima de diversidade cultural.

Ocorre que da pretensão de criar meios estatais em que prevaleça a liberdade religiosa, o fato é que a laicização tem se prestado a objetivos outros como de realmente efetuar práticas irreligiosas e mesmo de perseguição a movimentos religiosos, tal como é praxe em Estados Totalitários

Contudo, é uma simplificação grosseira de raciocínio considerar que um Estado Teocrático ( ou similar ) resulte necessariamente na construção de um ambiente nocivo a liberdade religiosa, no lugar a questão que culmina como fundamental é caso a religião colocada como oficial se vale ou não de práticas proselitistas em decorrência de sua situação de privilégio no plano institucional.

Aliás, sendo um movimento religioso voltado a conversão maciça de novos fiéis as suas doutrinas e se colocando de maneira hostil as outras crenças é fato que mesmo em um Estado Secular virão religiosos organizados politicamente para fazer pressão no sentido de conquistar benesses estatais em favor de adeptos de sua religião em detrimento das demais.

Segue também como falho supor que um Estado Teocrático leve necessariamente ao poder uma classe sacerdotal, sendo o mais comum um governante secular assumir o controle da religião oficial como seu líder maior e coloque os sacerdotes em situação equivalente de funcionário público. ( observando que nem toda religião há a figura de sacerdote bem como também poucas tem uma estrutura eclesiástica montada o que faz a ´´liderança´´ do governante ficar situada no plano restrito de sua conduta servir de bom exemplo para inspirar aos cidadãos )

Igualmente ocorrem situações em que a doutrina religiosa só venha para prestar uma orientação genérica sobre assuntos de estado ou nem isto até quando é encarada a vida espiritual como em apartada da vida pública, significando que a influência da religião oficial figura em um contexto mais ´´simbólicos´´ do que qualquer outra coisa.

Logo, como se vê, a questão é muito mais complexa do que situar o tema em torno da discussão da necessidade e validade de haver uma religião oficial ou diversamente operar uma separação entre o Poder Temporal e o Poder Espiritual ao ponto de erigir um Estado Laico . Destarte, não há como cogitar aqui uma resposta fácil e padrão que diga ser desejável sempre existir um Estado Secular ou em extremo oposto um Estado Teocrático.