sábado, outubro 28, 2006

As Grande Mães

AS GRANDES MÃES

Uma breve relação de divindades pagãs de várias culturas que recebem nome seja de Deusa-Mãe, Rainha dos Céus, Deusa da Aurora, Sagrada Virgem, Santa Mãe, Suprema Mãe ou algo equivalente. Normalmente são representadas segurando uma criança no colo, com vestes brancas, coroa ou algo do tipo sobre a cabeça e por ai vai. Em tudo elas surgem para representar valores como bondade, caridade, maternidade, fertilidade, prosperidade e etc.


a) acadianos - Ishtar
b) anglo-saxã - Eostre
c) assírios - Anat
d) celtas - Dana
e) chineses - Shingmoo
f) egípcios - Hátor
g) escandinavos - Frigga
h) etruscos - Uni
i) fenícios - Astarte
j) filisteus - Asterote
k) germanos - Freyja
l) gregos - Ártemis
m) hindus - Parvati
n) japonês - Amaterasu
o) sumérios - Inanna
p) teutões - Herta
q) romanos - Réia / Cibele

OS RITOS

Em relação ao culto destas divindades nota-se um certo caráter ´´agrícola´´ nas oferendas, com ofertório de sementes, frutas frescas, pescado e assim por diante em altares normalmente improvisados em meio de muito verde ( floresta, bosques, foz de rios, cachoeiras e etc ) Sendo que as cerimônias são acompanhadas com muita comida , bebida , música e dança entre os presentes. Observando que não é muito comum ver a realização de sacrifícios ritualísticos seja de animais ou humano , pois como já mencionado são divindades representativas da maternidade, fertilidade e valores assemelhados, não cabendo nesta pespectiva ritos muito ´´ sangrentos´´.


ALGUMA RELAÇÃO COM A FIGURA DE MARIA?

Curioso é verificar o quanto os cultos marianos do catolicismo em grande parte foram sincréticos com estas deusas e o seus ritos, pois a imagem de´´ Nossa Senhora ´´sendo a representação da ´´ Mãe do Filho de Deus´´ e o arquétipico-mor da pureza ( tão bem expressas no branco ´´virginal´´ de suas vestes ) em grande parte condiz, por exemplo, com a visão sumériana de Inanna / Rainha do Céu ou mesmo é assemelhado a forma de devoção que os chineses do tempo pré-dinastia Chang alimentavam respeito de Shingmoo / Santa Mãe. Aliás, em muitos casos suspeito que o considerado entre europeus contemporaneamente como sendo uma imagem de ´´Maria´´ bem pode ser na origem uma estatueta de Ishtar, Astarte , Ártemis e etc que apenas sofreu uma roupagem e interpretação diversa a partir de fiéis do catolicismo em épocas posteriores.

domingo, outubro 22, 2006

Lúcifer : Da Luz às Trevas

Lúcifer aparece apenas no Velho Testamento, em Isaías 14:12-14: e em mais nenhum outro lugar: "Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como fostes lançado por terra, tu que debilitavas as nações! Tu dizias em teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte; subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo."

O primeiro problema é que Lúcifer é um nome latino. Então como ele foi aparecer em um manuscrito hebraico? Que nome hebraico recebe Lúcifer neste capítulo de Isaías que descreve o anjo que caiu e se tornou o senhor do inferno?

No texto hebraico original não é sobre um anjo caído, mas sobre a queda de um rei babilônico, que durante toda sua vida só fez perseguir os filhos de Israel. Em nenhum momento é mencionado Satã ou Lúcifer no sentido de ´seres diabolicos´ ou algo do gênero. Como pode ser visto em Isaías 14:4-5 e 14: 16-20:

"...então proferirás este motejo contra o rei da Babilônia e dirás: Como cessou o opressor! Como terminou a tirania! Quebrou o Senhor a vara dos perversos e o cetro dos dominadores". "Os que te virem te contemplarão, hão de fitar-te e dizer-te: É este o homem que fazia estremecer a terra e tremer os reinos? Que punha o mundo como um deserto e assolava as suas cidades? Que a seus cativos não deixava ir para casa? Todos os reis das nações, sim, todos eles jazem com honra, cada um no seu túmulo. Mas tu és lançado fora de tua sepultura, como um renovo bastardo, coberto de mortos transpassados à espada, cujo cadáver desce a cova e é pisado de pedras."

O nome Lúcifer deriva do latim lucem ferre, aquele que traz a luz, portador da luz. Em grego, foi traduzido como phosphorous, também com o mesmo significado. No texto hebraico, a expressão usada para descrever o rei babilônico antes de sua morte é ´´heilel ben-shachar ´´ou הילל בן, que pode ser melhor traduzido como ‘o brilhante, filho do amanhecer’. O nome evoca o brilho dourado das vestes e dos acessórios de um rei orgulhoso, assim como o Rei Luiz XIV, da França, é apelidado de ‘Rei-Sol’.

Para muitos este monarca que serviu de fonte do mito de Lúcifer teria sido rei da Babilônia Nabucodonosor II ( 604 /592 a.C ) que invadiu o o Reino de Judá, destruindo no processo Jerusalém e seu Templo em 587 a.C bem como também conduzindo uma deportação em massa da população habitante do local que sobreviveu ao massacre para servir como escravo em cativeiro em Babilônia.

Dirão alguns que o Profeta Isaías tendo vivido entre 740 e 681 a.C não poderia estar relatando fatos que lhe foram posteriores a sua morte, ocorre que para teoria da crítica bíblica moderna foram ´´dois Isaías´´ que escreveram o livro, tendo o segundo vivido por volta de 550-539 a.C quando havia a situação do Cativeiro em Babilônia e justamente por isso mencionado tal coisa na narrativa do Evangelho.

Ocorre ainda que chegou a Bíblia não foi bem esta hebraica menção ´heilel ben-shachar´/‘o brilhante, filho do amanhecer’, mas sim ´ heosphoros´/ ´aquele que trás ou aquele que carrega a luz ´. Sim , porque o texto bíblico corrente se baseia na tradução numa versão grega ( chamada Bíblia Septuagenita ) que depois foi vertida para latim ( Vulgata Latina ) realizada lá para o ano de 380 d.C por São Jeronimo.

Mesmo prestando os devidos louvores ao esforço herculeo de São Jeronimo e exaltando seus méritos intelectuais o fato é que a tarefa lhe era ingrata pelo fato de que além dos rigores próprios exigidos para fazer uma boa tradução cabia a ele se preocupar com detalhes no texto que poderia gerar certos ´´embaraços´´ à luz da doutrina da Igreja. Seja como for como resultado final vemos que de maneira incompreensível ele transforma o que seria meramente o título de um rei no nome de um anjo !!! Eis o nascimento de Lúcifer / o portador da Luz.

Então dali em diante Lúcifer se tornou um anjo desobediente, expulso do céu para reinar eternamente no inferno. Teólogos, escritores e poetas se aprofundam no mito da queda e dão mais forma e conteúdo a imagem luciferiana e ele se torna a própria personificação do Mal Absoluto. Agora , ironicamente, ‘o brilhante’ do hebraico se tornou o Príncipe das Trevas.

Mas por que a história de um rei babilônico ‘filho do amanhecer’ acabou justamente associada com o próprio Senhor dos Infernos? Na época da tradução da bíblia, havia na mente das pessoas uma variedade muito grande de lendas cujos significados se distorceram ao se mesclarem com os conceitos cristãos. Já havia, nesta época, por exemplo , muitos outros mitos sobre personagens que eram também associados à idéia de diabo , demonios, inferno e etc

Diz uma desta lendas , por exemplo, de que Lúcifer na condição de ´ o anjo de Luz´ possuía uma esmeralda em sua testa que representava o Terceiro Olho. Supostamente quando ele se rebelou e desceu aos mundos inferiores, a esmeralda partiu-se, pois sua visão passou a ser prejudicada. Um pedaço ficou em sua testa, dando-lhe a visão deformada que foi a única coisa que lhe restou, e do outro pedaço, que foi trazido à terra pelos anjos que permaneceram neutros na rebelião, foi esculpido o Santo Graal. Mas isso pouco tem a ver com o ´heleyl´ hebraico e como diz Michael Ende*1 isso é ‘uma outra história, e deverá ser contada em outra ocasião’.

*1 - escritor alemão , autor de ´A História Sem Fim´

domingo, outubro 15, 2006

Literatura Apócrifa Cristã

A literatura apócrifa é tão extensa que pode sem exagero dar margem para fazer uma outra Bíblia com uma doutrina de sentido substancialmente diferente da estabelecida.

Para se ter uma idéia existem pelo menos cerca de 112 livros apócrifos, sendo 52 em relação ao Primeiro Testamento e 60 em relação ao Segundo, escritos em grego, latim, siríaco, cópto, etíope e diversos outros idiomas ou dialetos. Assim como a Bíblia, a literatura apócrifa está composta de Evangelhos, Atos, Apocalipses, Cartas, Testamentos.

Veja que atualmente quando se fala em texto apócrifo por excelência se menciona os Manuscritos do Mar Morto, encontrado em 1945 em Nag Hamadi no Egito, só que estes são uma parte pequena do montante dos textos existentes, a saber os evangelhos de Tomé e de Maria Madalena . ( escritos em língua copta )

Não por menos houve o chamado decreto Gelasiano, segundo alguns de autoria do Papa Gelásio ( 492-96) e outros a São Dámaso I ( 331-38 ) , contendo uma lista de 60 livros apócrifos do Segundo Testamento, os quais os cristãos deveriam evitar que seriam :

01 - O sínodo de Sirmium, convocado por Constâncio César, filho de Constantino, e moderado pelo prefeito Tauro

02- A viagem em nome do apóstolo Pedro, que é chamado de nono livro de São Clemente.

03- Os atos do apóstolo André.

04- Os atos do apóstolo Tomé.

05- Os atos do apóstolo Pedro.

06- Os atos do Apóstolo Filipe.

07- O evangelho de Matias.

08- O evangelho de Barnabé.

09- O evangelho em nome de Tiago Menor

10 - O evangelho do apóstolo Pedro.

11 - O evangelho de Tomé ( usado pelos maniqueus )

12- Os evangelhos de Bartolomeu.

13- Os evangelhos de André.

14- Os evangelhos falsificados por Luciano.

15- Os evangelhos falsificados por Hesíquio.

16- O livro sobre a infância do Salvador.

17 - O livro da natividade do Salvador e de Maria ou "A Parteira".

18- "O Pastor".

19 - Todos os livros de autoria de Leúcio, considerado discípulo do diabo pela Igreja .

20 - "A Fundação".

21- "O Tesouro".

22- O livro das filhas de Adão Leptogeneseos.

23- O centão de Cristo incluído com versos de Virgílio.

24- "Atos de Tecla e Paulo".

25- "Nepos".

26- Os livros de Provérbios de pseudo-autoria do Santo Sisto.

27- A Revelação dita de Paulo.

28- A Revelação dita de Tomé.

29- A Revelação dita de Estevão.

30-"Assunção de Santa Maria".

31- "A Penitência de Adão".

32- O livro sobre Gog, o gigante que teria após o dilúvio lutado com um dragão.

33- "Testamento de Jó".

34- "A Penitência de Orígenes".

35- "A Penitência de São Cipriano".

36- "A Penitência de Jamne e Mambre".

37- "A Fortuna dos Apóstolos".

38-"Lusa dos Apóstolos".

39- "Cânon dos Apóstolos".

40-"O Fisiólogo", escrito por Ambrósio.

41- A "História" de Eusébio Pampilo.

42- As obras de Tertuliano.

43- As obras de Lactâncio, também conhecido como Firmiano.

44- As obras de Fausto Africano.

45- O opúsculo "Potumiano e Gallo".

46- As obras de Montano, Priscila e Maximila.

47- As obras de Fausto.

48- As obras de Comodiano.

49- As obras do outro Clemente de Alexandria.

50-As obras de Táscio Cipriano.

51- As obras de Arnóbio.

52- As obras de Ticônio.

53- As obras de Cassiano, sacerdote gaulês.

54- As obras de Vitorino Petavionense.

55- As obras de Fausto Regiense Galliaro.

56- As obras de Frumêncio Cego.

57-A carta de Jesus a Abgaro.

58- A carta de Abgaro a Jesus.

59- A Paixão dos Ciricianos e Julitanos.

60 - A Paixão dos Georgianos.

61- Os escritos chamados de "Interdição de Salomão".

Entre autores temos ainda :Simão Mago, Nicolau, Cerinto, Marcião, Basílides, Ebion, Paulo de Samósata, Fotino , Bonóso, Montano, Apolinário, Valentino Maniqueu, Fausto Africano, Sabélio, Ário, Macedônio, Eunômio, Novato, Sabácio, Calisto, Donato, Eustácio, Joviano, Pelágio, Juliano de Eclanum, Celéstio, Maximiano, Prisciliano da Espanha, Nestório de Constantinopla, Máximo Cínico, Lampécio, Dióscoro e Êutiques,

Depurado todos estes textos apócrifos e comentaristas tidos como malditos ficou consolidada a seguinte ordem para o Ao Antigo Testamento:

- Gênese, 1 livro;
-Êxodo, 1 livro;
-Levítico, 1 livro;
- Números, 1 livro;
- Deuteronômio, 1 livro;
- Josué, 1 livro;
- Juízes, 1 livro;
- Rute, 1 livro;
- Reis, 4 livros;
-Crônicas, 2 livros;
- 150 Salmos, 1 livro;
- 03 livros de Salomão: Provérbios, 1 livro; Eclesiastes, 1 livro; Cântico dos Cânticos, 1 livro;
- Sabedoria, 1 livro;
-Eclesiástico, 1 livro.



Semelhantemente, esta é a ordem dos profetas:
- Isaías, 1 livro;

- Jeremias, 1 livro;
- Ezequiel, 1 livro;
- Daniel, 1 livro;
- Oséias, 1 livro;
- Amós, 1 livro;
- Miquéias, 1 livro;
- Joel, 1 livro;
- Obadias, 1 livro;
- Jonas, 1 livro;
- Nahum, 1 livro;
- Habacuc, 1 livro;
- Sofonias, 1 livro;
- Ageu, 1 livro;
- Zacarias, 1 livro;
- Malaquias, 1 livro.
Por sua vez esta é a ordem dos livros históricos:
- Jó, 1 livro;
- Tobias, 1 livro;
- Esdras, 2 livros;
- Ester, 1 livro;
- Judite, 1 livro;
- Macabeus, 2 livros.
A ordem das Escrituras do Novo Testamento:
- 4 livros dos Evangelhos: Mateus , Marcos , Lucas e João.
- 1 livro do Atos dos Apóstolos.
- 14 epístolas do apóstolo Paulo : aos Romanos, Coríntios, 02 epístolas aos Efésios, aos Tessalonicenses, 02 epístolas aos Gálatas, aos Filipenses, aos Colossenses, a Timóteo, 02 epístolas a Tito, a Filemon e aos Hebreus.
- o Apocalipse de João,
- as epístolas canônicas, em número de 07: 2 epístolas ao apóstolo Pedro, ; 1 epístola ao apóstolo Tiago, 1 epístola ao apóstolo João, 02 epístolas a João ( ancião ) 1 epístola ao apóstolos Judas ( o zelota )
Observando por fim que para os protestantes existem os chamados ´´ livros deuterocanônicos´´que são considerados blasfêmias à luz da doutrina cristã reformada e portanto são classificados como "apócrifos" e excluído da redação do texto biblico por este motivo. Neste contexto figuram :

- os livros de Tobias,
- Judite,
- I Macabeus e II Macabeus,
-Sabedoria,
- Eclesiástico (ou Sirácida)
- Baruc
- adições constante em Ester e Daniel.


domingo, outubro 08, 2006

As Pragas do Egito pela Ciência

iFísico britânico lança livro em que procura explicar fatos do Êxodo com base em fenômenos da natureza. Fonte : O GLOBO - 29/03/04

Um físico britânico, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, decidiu arriscar seu prestígio numa empreitada movida pela fé e pelo amor a um hobby, a arqueologia. Collin Humphreys dedicou boa parte de seu tempo livre a explorações no Oriente Médio. Daí surgiu “Os milagres do Êxodo” (Ed. Imago), recém-lançado no Brasil. No livro, ele procura apresentar explicações científicas para episódios como as pragas do Egito e a separação das águas do Mar Vermelho.

Humphreys, que é batista, afirma que seu objetivo foi apenas discutir que tanto ciência como religião precisam conviver com mais harmonia.

Ele apresenta explicações polêmicas para as pragas que atingiram o Egito. Cita relatos de egiptólogos que falam de episódios em que as mesmas pragas apareceram durante o verão no país. O sangue no Rio Nilo seria uma maré vermelha, uma proliferação de algas que matou os peixes. O desastre ecológico, segundo o professor, explica a praga das rãs, a próxima da lista bíblica.

— As pragas foram uma espécie de seqüência ecológica. Peixes em decomposição poluíram as águas, forçando rãs e sapos a fugirem para terra. A zoologia nos ensina que esses animais movem-se em direção de fontes de luz e calor. Não é surpresa que as cidades tenham sido invadidas. Muitos certamente morreram de fome quando estavam fora de seu hábitat. Com seu predador natural em apuros, insetos como mosquitos e moscas puderam reproduzir-se rapidamente e se tornar a terceira praga.

A chuva de pedras poderia ter sido uma simples tempestade de granizo, fenômeno observado na região em anos tão recentes como 1997. Tempestades de areia, fenômeno comum no desértico Egito, que por vezes chegam a bloquear a luz do Sol, uma explicação para a praga das trevas. Mesmo a praga das mortes dos primogênitos perde um pouco de seu impacto à luz da ciência.

Nesse caso mais específico, um trabalho anterior ao de Humphreys já trazia pistas interessantes em 1996. Uma pesquisa de John Marr e Curtis Malloy sugere que distúrbios ecológicos, causados por uma praga de gafanhotos, teriam contaminado plantações e resultado numa intoxicação em massa na população. Sobretudo entre os filhos mais velhos, historicamente mais mimados em termos de quantidade de comida e privilégios na fila do jantar.

— Já me perguntaram se as pragas não seriam apenas um exagero da interferência humana na redação dos textos da Bíblia. Com base nos meus estudos, acho o contrário: pelo menos no Êxodo, parece-me que a descrição das pragas é bastante fiel à realidade.

domingo, outubro 01, 2006

Alcorão versus Bíblia

A ascensão do lslã se deu no início do Século VII EC, chegando o seu apogeu civilizatório no que é designado como ´´Idade Média´´, porém , é deveras curioso observar o contraste neste período histórico entre os povos em países islâmicos do Oriente Médio ( notadamente em metrópoles como Bagdá )com os de nações cristãs do continente europeu. É uma situação gritante ainda ao considerar que a influência do cristianismo se deu no meio social europeu em mais do dobro do tempo que comparativamente o islamismo nas nações árabes.

Sim, porque enquanto a grande maioria dos cristãos na Europa era composta de pessoas analfabetas, rudes e ignorantes que prestavam apenas para realizar serviços braçais seja no campo ou formando contingente numérico nas linhas de frente de combate para poupar a vida dos poucos dedicados na arte da guerra como soldados profissionais . Aliás, a guerra era o meio por excelência para um europeu conquistar riqueza e prosperidade ou forma derradeira para resolver problemas políticos.

Por sua vez, entre os árabes boa parte da população era alfabetizada até por conta de fazer frente a exigência religiosa de ler o Alcorão, viviam em um ambiente culto, de hábitos bem refinados e voltado a erudição assim como o comércio era fonte maior de riqueza e prática que a grande maioria se dedicava.

Já a Europa daquele tempo ficava imersa em debates eternos sobre assuntos ligados a religião em meio de um clima de superstição e intolerância que os isolava de outros povos e os fazia agir de forma hostil com outras culturas, sem falar é claro o processo de segregação de minorias que de alguma forma não condiziam com as crenças cristãs.

Ao mesmo tempo os árabes além de saber conviver pacificamente entre pessoas de crenças distintas das suas, buscavam também sempre realizar contatos com novas culturas e efetuar pesquisas científicas que o levaram desenvolver tecnologias bem úteis para sociedade como um todo. De fato a aritmética, o uso da numeração decimal, a criação do cálculo algorítmico ao lado do estudo de obras filosóficas helênicas que traduziam para o árabe faziam as as comunidades emergentes sob Islã fossem locais de grande efervescência cultural.

O fato é que duas Civilizações, uma nascida pela influência da Bíblia e outra pelo Alcorão, acabaram entrando em choque. Isto foi o que representou em resumo as Cruzadas, a queda do Califado de Granada e outros eventos históricos que marcaram por colocarem mulçumanos e cristãos como inimigos.

Como sociedades dedicadas ao comércio como eram as nações árabes estes conflitos contínuos com nações européias os levaram a decadência. Sendo o derradeiro golpe quando europeus, usando ironicamente conhecimento árabe, resolveram partir em grandes expedições pelos mares pegando a força aquilo que antes compravam com exclusividade de países do Oriente Médio que surgia ali como grande entreposto comercial entre Europa, África e Ásia.

Depois veio a invasão européia e posteriormente a colonização, destruindo os governos nacionais árabes empossados por autoridades cooptadas aos interesses europeus que usavam no processo o cristianismo para perseguir, matar e escravizar. O impacto destas ações sem dúvida foi fatal ao destino destes povos, porém, de novo surge o Islã como no passado como força civilizadora e unificadora para quem sabe fazer retomar aos árabes a glória e esplendor perdido em sua sociedade .

Contudo, jaz como grande engano supor que a onde revitalizadora do Islã fique restrita aos países árabes tal como viesse a reboque dos ideais nacionalistas e pan-arabistas, servindo apenas para cumprir fins políticos dos países do Oriente Médio. Diria mesmo que a idéia de Revolução Islamica predicada pelo Irã possa representar um mundo de possibilidades insuspeitas para o Ocidente na medida que frotalmente representa uma alternativa ao modelo democrático-burguês consolidado por força da globalização além de apresentar-se com uma visão de civilização para além da perspectiva judaico-cristã.